quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Gavetas da alma




Gavetas da Alma
Águida Hettwer

Serpenteiam na memória, canções que ouvia outrora,
Olhar suspenso no passado, lágrima de orvalho gotejante,
Resta-me folhear páginas, revivendo cada linha escrita,
Momentos de pura magia alvejante.

Enlace de almas a vagar pelo cosmo, em noite fria,
Carícias delineadas face a face, aprisionado sentimento,
Bebemos desse cálice de nostalgia,
Caminhando de mãos dadas na borda do tempo.

Tecendo rendas de momentos,
Alinhavando saudades despedaçadas,
No peito marcas que sangram entrelaçadas.

Nas gavetas de minh´alma,
Retalhos de um amor do passado,
Cria asas no poema alado.


09.09.2007

Ondulações





Ondulações
Águida Hettwer

Desenho no papel machê,
Ondulações da alma descortinando,
No alto da colina sobrevoando,
Sonhos que deixei no passado hibernando.

Metáforas do sentir no ritmo da espera,
Com o nanquim em punho, teus sinais indicam-me direções,
Eleva-me aos jardins diáfanos, em meiga primavera,
Onde me banho em cascata de emoções.

Traduzindo no poema plangente formosura,
Perfume de rosas inebriante,
Imergidas no oásis da memória fulgurante.


Espalhando incenso nos recantos etéreos,
Cristais translúcidos de ternura,
Na luz que permeia meu verso, tua imagem transfigura.


11.09.2007

Entrelace





Entrelace
Águida Hettwer


Meu olhar descortina a poesia,
Sendo escrita nas curvas da alma,
Soprando mornas brisas,
Encharcando de orvalho as vigas,

Quebrando-se na face feito lágrima,
Derretendo na pele amargas saudades,
O palpitar do amor, o coração estima,
A lei do verso revela intimidades.

Pingentes de estrelas perdem-se,
No firmamento,
A dor dilacera o peito.

Meus versos enamorados,
Entrelaçam com o silêncio,
Vagam no infinito de outros tempos.


16.09.2007

Debruça no meu peito






Debruça no meu peito
Águida Hettwer

Aqueça-me com o calor de teus braços, envolve-me com teus sussurros mais profundos, conta-me o enigma que esconde no olhar.
Em sonhos te busquei incessantemente, despertei em afagos no ego, no bailar de corpos suavemente.
Onde o amor permeia me grudei nessa teia de ilusões, enamorando as letras, descrevi com precisão os anseios de teu coração.
Debruça no meu peito e deleita, enrosca os dedos nos cabelos, vagando em cada centímetro meu, o território é seu, desbrava...
Na cumplicidade de nossas almas a vagar, faço morada eterna no seu coração, meu amor.
Percorrendo estradas em desalinhos, fazendo nosso ninho nas flores do campo a beira do caminho, meu corpo, jardim florido a desabrochar.
Buscam na memória fatos de nossa história, doces lembranças, germinadas no toque de ardentes beijos, o corpo enaltece.
Corações entrelaçados, unificando o amor que nos invade em mútuos sentidos.


04.06.2006


Amar-te

Amar-te
Águida Hettwer


Num recanto da alma, afaga-me mansamente a nostalgia,
Traduzindo em letra de poesia, lágrimas de amor,
Sonhos pernoitados nos braços da quimera
Orvalhando as madrugadas em brumas de alvor.

Em recôncavo profundo
Refugiamos-nos do mundo
Sou flor pequenina que floresce na haste,
Inspirando perfumes celestiais despertaste.


Prende-me na suavidade da brandura,
Navego num mar de sonhos e ternura,
Cantiga de sereia de um único verbo.

Hoje o silêncio meu fiel companheiro,
Resgata a ânsia perdida, o coração reclama,
Despertar da esperança adormecida conclama.


Amar-te!

27.09.2007